Há lugares que não se visitam — se atravessam.
E a Guiné-Bissau foi isso para mim: travessia.
Mais do que paisagem, encontrei ancestralidade.
Mais do que um destino, uma origem que me olhava de volta.
A terra vermelha nos pés, o olhar firme de quem vive muito com pouco, a música que não pede licença para entrar no corpo.
E uma dignidade que não se explica, só se sente.
Na Guiné, cada gesto é memória. Cada silêncio, resistência.
E eu fui menos turista e mais testemunha.
Menos visitante e mais aprendiz.
Levei palavras, mas voltei com histórias que ainda não sei nomear.
Porque há viagens que a gente faz com o corpo —
mas que seguem acontecendo dentro da gente, muito depois da volta.